[o início do post foi publicado originalmente em 2013]
Dia 01 de março homenageamos a Julie. Uma colega de pedal que foi atropelada na Avenida Paulista um ano atrás. Um motorista avançou nela. Para não ser atropelada mudou bruscamente para a pista de ônibus, passou num buraco, caiu e foi atropelada pelo ônibus que vinha atrás dela. Nunca pegaram o motorista que avançou nela. O motorista do ônibus a conhecia, depois que viu quem tinha atropelado, sentou no asfalto e chorou, em estado de choque.
Uma ghost bike está onde a atropelaram. A uma outra quadra de outra ghost bike, a da Márcia Prado. Duas mortes que teriam sido evitadas se a Prefeitura de São Paulo tivesse implantado o plano cicloviário da cidade, que previa uma ciclovia na Paulista.
O plano é de 2008 e nada foi feito até hoje, a despeito das duas mortes que já ocorreram. E agora um outro ciclista perde o braço por causa de um motorista embriagado? Mal as chamas de duas mortes começam a se apagar, outro acidente ocorre. Será que Márcia e Julie serão esquecidas? Foram suas mortes em vão?
[o trecho abaixo foi escrito dia 05/06]
Hoje temos a ciclovia da Avenida Paulista, dando segurança aos que se deslocam de bicicleta, patins, skate, pedestres e cadeirantes. As duas ghost bikes permanecem nos mesmos locais onde Márcia e Julie morreram. Como tantas outras ghost bikes por São Paulo.
De lá para cá conseguimos inúmeros progressos, cerca de 400 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. Pode parecer muito, mas é pouco comparado aos 17000 (17 mil!) quilômetros de vias (ruas/avenidas/pontes/túneis/etc) que temos na cidade de São Paulo. Ou seja, temos segurança para pedalar apenas em 400 de 17000 quilômetros de ruas. Isso é equivalente a menos de 0,03% das ruas da nossa cidade.
Mesmo esse espaço sendo tão pequeno diante da dimensão da cidade, a Prefeitura de São Paulo está removendo as ciclofaixas que nos protegem. Na Chácara Santo Antônio a Prefeitura/CET removeram a ciclofaixa da Rua José Vicente Cavalheiro sem comunicar o Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT), sem dialogar com os ciclistas e seus representantes (como o Bike Zona Sul e a Câmara Temática de Bicicleta) e nem avisar aos ciclistas/moradores da região.
Nesse trecho, a ciclofaixa deveria migrar da Rua Fernandes Moreira para a Rua Alexandre Dumas. Entretanto, a Prefeitura removeu a ciclofaixa sem debate ou aviso. Essa remoção coloca ciclistas em risco e também demonstra como falta transparência por parte do Executivo Municipal com a sociedade. Ela também reforça como a gestão Dória-Covas tem tratado os ciclistas e seus representantes.

Mesmo diante da falta de respeito às leis e da falta de diálogo da atual gestão da Prefeitura (Dória-Covas), nós do Bike Zona Sul vamos continuar lutando por uma cidade mais segura e mais humana. Faremos isso pois ainda precisamos garantir a segurança de todos, precisamos de mais ciclovias, pela cidade toda. Em todas ruas onde haja uma faixa de ônibus. Em todas avenidas, pontes e viadutos.
Não queremos e não podemos perder mais amigos. Precisamos de ciclovias para proteger as pessoas. E vamos continuar defendendo os mais fracos no trânsito. Vamos continuar defendendo que São Paulo seja focada nas pessoas. Não vamos deixar que as mortes de amigas como a Julie tenham sido em vão.
(Equipe Bike Zona Sul: Thomas Wang e Paulo Alves)
#BikeZonaSul #VaiTerCiclovia #CicloviasSalvamVidas
#CidadesParaPessoas #SãoPauloPrasPessoas
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Que belo texto, Thomas. Emocionante
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